Definir os caminhos do leite no estado e propor políticas públicas que contribuam para a auto-suficiência da produção são alguns dos objetivos da Câmara
Fazer com que a produção do leite seja competitiva, com resultados satisfatórios para os produtores, e colocar no mercado produtos de qualidade e com sanidade. Esses são alguns dos objetivos da Câmara Setorial do Leite instalada na última quinta-feira (23), pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), no auditório da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). O ato foi presidido pelo secretário da Agricultura, Roberto Muniz, e contou com a presença do deputado estadual Zé Neto (PT), que tem trabalhado como interlocutor do Projeto de Modernização da Pecuária de Leite na Bahia.
“Se a Dilma é a mãe do PAC, Zé Neto é o pai da câmara construtiva do leite no Estado”. Essas foram às primeiras palavras do secretário Roberto Muniz em reconhecimento ao trabalho e empenho do deputado em prol da cadeia produtiva do leite.
A Bahia tem o terceiro rebanho leiteiro do país, mas é o sétimo em produção, por causa da baixa produtividade dos animais. Para Roberto Muniz, este é um grande desafio a ser vencido, o que passa pela melhoria genética do rebanho, a oferta de mais alimentos para o gado e estabilizar o preço do leite. “Estamos discutindo com os agentes financeiros, (BNB, BB e Desenbahia), uma linha de crédito para a cadeia do leite, e devemos lançar um projeto para implantar 100 tanques de resfriamento na Bahia”, informou o secretário.
Para o deputado Zé Neto, o momento não é só um desafio do leite, é um desafio que expõe aquilo que foi encontrado no Estado em termo de concepção de políticas públicas. “É preciso refletir para darmos passos largos na busca da reestruturação dessas políticas”, destacou Zé Neto considerando a importância da reunião.
O deputado falou da necessidade de adotar uma política democrática e uma mudança cultural, na medida em que avalia a falta de integração dos coletivos como um fator contrário àquilo que se espera para alavancar a produção de leite na Bahia e garantir uma nova feição ao segmento. “Essa é uma construção nova no Estado e que têm dado certo para o investimento dos pequenos produtores. A constituição da Câmara Setorial é um passo decisivo e importante para toda a cadeia do leite”, afirma.
Para Zé Neto, é preciso discutir a logística do Estado e construir um amplo farol de compras interligado a grandes programas de Governo, a exemplo do Fome Zero e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), mais conhecido como Merenda Escolar. “Estou esperançoso e acreditando muito. Nós (estado), nesse momento de crise, não podemos excluir sem antes dizer como incluir. Precisamos trabalhar e cuidar com carinho dessa cadeia produtiva tão importante para o desenvolvimento da pecuária leiteira na Bahia”, concluiu.
A criação da Câmara também foi festejada pelo presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), João Martins da Silva. “A Câmara vai coordenar ações de governo no sentido de que a Bahia se torne auto-suficiente no leite. Vai fazer com que o produtor de leite seja competitivo, com o uso de novas tecnologias e técnicas atuais, em igualdade de condições outros centros produtores do País”, destacou o presidente da Faeb.
Controle de qualidade
Essa produção, no entanto, ainda é insuficiente, uma vez que o consumo interno é estimado em 1,5 bilhões de litros/ano. As principais bacias leiteiras do Estado da Bahia estão localizadas nos Territórios de Identidade do Extremo Sul, Itapetinga, Litoral Sul, Médio Rio de Contas, Portal do Sertão e Vitória da Conquista. Na Bahia, 80% dos produtores de leite são classificados como pequenos. A grande dispersão territorial dos estabelecimentos, aliada à precariedade dos meios de transporte, resultam em altas perdas e custo de frete elevado.