Zé Neto e correligionários comprovaram a ausência de gestores municipais que tiveram freqüência “computada” pela UPB
Após a marcha dos prefeitos promovida pela União dos Municípios da Bahia (UPB), realizada na manhã de ontem (28), seria elementar a entrega da lista oficial constando o número de participantes, afinal de contas, por se tratar de um ato político somente dessa maneira seria possível aferir a sua dimensão. Entretanto, a busca pelo documento entre repórteres, jornalistas e políticos foi uma verdadeira “força tarefa”.
Passado um longo processo de espera, uma funcionária do Núcleo de Atendimento da UPB entregou aos repórteres que resistiram uma lista com os 417 prefeitos baianos, em que os nomes dos supostamente presentes estavam marcados com um “x”, ao contrário do que se esperava num ato político daquela natureza: uma lista formal com assinaturas de participantes.
Em ordem alfabética dos municípios, a lista relaciona os gestores que a UPB diz terem participado da manifestação. Foram anunciados 262 prefeitos, entretanto, constam na lista 258. Em meio às contradições, o deputado Zé Neto (PT) resolveu analisar rapidamente o documento, junto a alguns correligionários políticos, durante a sessão ordinária da tarde desta quarta-feira (29).
O deputado considera a lista uma prova de ilegitimidade da manifestação e aos prefeitos que não estiveram presentes, pois tiveram seus nomes divulgados. “Dos inúmeros nomes listados pela UPB, tive contatos com vários prefeitos, dentre eles, o meu amigo Wilson Cardoso, prefeito de Andaraí, que tinha falado comigo ao telefone na hora da manifestação. Mas os nomes não param por aí: os prefeitos de Lençóis, Mucugê, Tanquinho, Tremendal, Rodelas, Fátima, dentre tantos outros não estiveram presentes, mas seus nomes estavam lá”.
Zé Neto ainda acrescenta que desde 2006 até o presente momento o repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é o maior que a Bahia já teve em toda a história. “Estamos frustrados, esperávamos os prefeitos para um diálogo. Preparamos tudo para recebê-los de forma honrosa - cadeiras arrumadas, som, água, café -, mas infelizmente eles não entraram para discutir as questões com o governo. Só de Secretários tínhamos três: o de Planejamento, Walter Pinheiro; de Comunicação, Robinson Almeida; e o de Relações Institucionais, Rui Costa, mas a direção da UPB resolveu não entrar para o saguão para dialogar, como manda o bom senso”, destacou o deputado ao discursar na Casa Legislativa.
Em entrevista coletiva nesta terça-feira, o governador Jaques Wagner comentou os objetivos da marcha dos prefeitos. Para ele, a mobilização que pretendia protestar contra a perda de receita das prefeituras, em virtude de perdas no FPM, perdeu o foco por motivações políticas. O governador afirma que a atual conjuntura não é propícia a novas solicitações, por causa do colapso financeiro internacional que tem atingido o país, embora seja muito mais forte no exterior. Para o petista, a demanda da entidade já foi atendida pelo Palácio do Planalto a pedido dos governadores, inclusive ele, que estranha à verdadeira intenção do manifesto. “O que eu acho gozado é que não vi esse pessoal fazer manifestação quando não tinha crise e que podia reivindicar aumento na participação dos municípios. Eu mostro que de 2003 pra cá, o aumento do FPM foi da ordem de 230, 240%. Então, a gente sempre tem que querer mais, agora eu não acho que o melhor momento para fazer esse tipo de tensionamento é durante a crise, porque durante a crise você tem que mostrar unidade”, contestou Wagner.