Alguns dos 313 pacientes beneficiados pelo mutirão aguardavam há oito anos a realização da operação
Pesando hoje 104 quilos, a assistente de cabeleireiro Heliene Teles, 26 anos, diz que está "mais bonita, mais feliz e mais saudável". Ela foi submetida a uma cirurgia bariátrica em dezembro de 2008, depois de ter tentado, de todas as formas e sem sucesso, reduzir os 157 quilos que pesava na época.
Heliene faz parte das 313 pessoas que foram contempladas pelo mutirão de cirurgia bariátrica, desencadeado pela Secretaria da Saúde (Sesab) em outubro do ano passado, e que se reuniram ontem no Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba),
A assistente de cabeleireiro reconhece que "se não fosse esse mutirão" não teria condições de fazer a cirurgia. "Pesquisei e encontrei valores de até R$ 75 mil, envolvendo a cirurgia, medicamentos, equipe multidisciplinar, e para quem é assalariado fica difícil", explicou.
Lista - Utilizando os critérios do Ministério da Saúde, Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Conselho Federal de Medicina, o Cedeba selecionou os pacientes para a cirurgia bariátrica de uma lista com 249 pessoas, além da relação do próprio centro, com 286 pacientes acompanhados de 2004 até setembro de 2008. Desse total, 130 não participaram do mutirão por motivos diversos e os outros foram encaminhados para a cirurgia. Além disso, foi feita a revisão de uma relação de pacientes cadastrados em 2006, selecionando mais 77 que se encontravam na triagem desde outubro do ano passado que desejavam fazer a cirurgia e preenchiam os critérios técnicos.
Eles foram avaliados e encaminhados para realizar o procedimento cirúrgico, ampliando para 233 o número de pacientes do Cedeba atendidos pelo mutirão. A iniciativa foi fruto da parceria entre a Sesab e os hospitais da Cidade, Espanhol e Salvador. O Cedeba, unidade de referência na rede estadual de saúde nas áreas de endocrinologia, diabetes e hipertensão arterial, ficou responsável pela triagem e pelo encaminhamento dos pacientes para o mutirão.
Um bom exemplo de PPP
O governador Jaques Wagner disse que o mutirão é um bom exemplo da Parceria Público-privada (PPP), com envolvimento de médicos, anestesistas e as equipes dos hospitais particulares. "Foi um preço intermediário, em torno de R$ 8 mil cada cirurgia, mais ou menos o dobro do que pagamos no SUS e a metade do cobrado para a cirurgia particular", afirmou.
O secretário da Saúde, Jorge Solla, destacou que o procedimento realizado no mutirão é o mesmo utilizado nos tratamentos particulares. "Inclusive, as equipes envolvidas no processo, especialmente dos hospitais Espanhol e da Cidade, fazem também pela saúde suplementar", observou.
O presidente da Regional Bahia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, Fábio Trujillo, elogiou o mutirão, principalmente a organização dos procedimentos. "Tudo foi realizado com muita transparência, critério, acompanhamento, respeitando-se a ordem da fila. É o maior e mais bem feito programa que tenho notícia", disse.
Fonte: Diário Oficial