Secretário de Segurança diz que foi vítima de armação
"O que fizeram comigo foi uma prática de terrorismo. Tive meu nome vilipendiado". Frases deste tipo marcaram o pronunciamento do secretário de Segurança Pública, Paulo Bezerra, ontem, na Assembléia Legislativa. Ex-superintendente da Polícia Federal no estado, ele esteve, espontaneamente, na sessão da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública, presidida pelo deputado Fernando Torres (PRTB), para esclarecer os parlamentares sobre seu afastamento da PF, determinado pela ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Paulo Bezerra aproveitou para informar que o governador Jaques Wagner recebeu ofício da mesma magistrada informando que não havia impedimento para que ele exercesse o cargo de secretário na Bahia. Citado no relatório do setor de Inteligência da Polícia Federal como responsável por vazar informações a empresários investigados pela própria PF, o atual titular da pasta de Segurança Pública partiu para o ataque, rebateu as acusações e disse que seu envolvimento no escândalo é conseqüência de "notícias distorcidas plantadas na imprensa por pessoas mal intencionadas."
RETROSPECTIVA
Quanto ao grampeamento que sofreu por quatro meses, que ele classificou de "monitoramento", Paulo Bezerra disse que o fato "não era nenhum demérito. É natural. O que não admitimos é o benefício da dúvida", afirmou, garantindo que no período nada foi encontrado que desabonasse a sua conduta. Ele informou também que nos 30 anos de carreira na instituição nunca sofreu nenhum processo ou sindicância.
Depois da explanação inicial, o secretário fez uma retrospectiva das últimas ações desenvolvidas na Bahia pela PF, destacando que a atual Operação Navalha teve início com a Octopus, que foi por ele coordenada. Por conta das notícias de que poderia estar existindo vazamento de informações, o gerenciamento da operação foi transferido para Brasília.
DOCUMENTO
Em relação à citação de seu nome nas investigações, Paulo Bezerra afirmou que tudo não passou "de uma vingança torpe". Os autores da vingança seriam os agentes Márcio de Oliveira Bueno e Gilberto Bezerra, que no ano passado faziam diligências na Bahia e protagonizaram um episódio de "ruído de comunicação na PF", conforme disse o secretário. Paulo Bezerra afirmou que os referidos agentes vieram à Bahia realizar um trabalho, mas a superintendência, que era por ele comandada, não foi informada.
A partir de então, prosseguiu o secretário, houve momentos de tensão, mas os agentes não foram presos. Aliás, a prisão dos policiais, segundo o secretário, foi o motivo usado para envolvê-lo neste processo. "Este foi o crime que cometi", ironizou, acrescentando que nem mesmo existiu a prisão. "Apenas gerenciei uma crise de identificação de policiais, não havendo nenhum prejuízo para a referida diligência. Cumprimos com o nosso dever e eles (os policiais) trabalharam mal."
Logo após a explanação do secretário, houve um amplo debate com os parlamentares, que compareceram em grande número à reunião. Enquanto os governistas parabenizavam o secretário pelos esclarecimentos, os oposicionistas solicitavam o seu afastamento até que as investigações sejam concluídas. Os deputados da minoria e da maioria questionaram também a legalidade do uso de "grampos" nas operações da PF.
Os primeiros a usar a palavra foram os deputados Capitão Tadeu (PSB), Yulo Oiticica (PT), Getúlio Ubiratan (PMN), Gaban (DEM), Eliedson Ferreira (DEM) e Álvaro Gomes (PCdoB), titulares do colegiado. Também se pronunciaram Heraldo Rocha (DEM), Tarcízio Pimenta (DEM), Gildásio Penedo (DEM), Roberto Muniz (PP), Waldenor Pereira (PT), Paulo Rangel (PT), Bira Coroa (PT), Euclides Fernandes (PDT), Jurandy Oliveira (PDT) e Gilberto Brito (DEM).
Fonte: Diário Oficial - dia 05 de junho de 2007 - Nº 19429 - Ano XCI - Legislativo ou http://www.al.ba.gov.br/noticias.cfm?varCodigo=4116