De acordo com o presidente, a política (de cooperação) do Brasil com a África continuará e será fortalecida com a presidente eleita, Dilma Rousseff
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu nesta quarta-feira em Maputo que será o fiador para que a cooperação de seu país com a África continue após sua saída da Chefia do Estado, em janeiro.
"A política (de cooperação) do Brasil com a África, e em particular com Moçambique, continuará e será fortalecida com a presidente eleita, Dilma Rousseff", disse nesta quarta-feira em um banquete oficial oferecido pelo presidente moçambicano, Armando Guebuza.
Lula destacou as boas relações entre Brasil e África, onde o país sul-americano já tem 34 embaixadas nos 53 estados do continente, e ressaltou que sua sucessora, Dilma, "tem os mesmos compromissos que eu para com a África".
O governante brasileiro está em Maputo desde terça-feira, em sua última visita programada como presidente à África, um continente em que esteve dezenas de vezes em seus oito anos de mandato.
Em seu discurso, assinalou que durante séculos os africanos e latino-americanos olharam, primeiro para a Europa e depois para os Estados Unidos, "e chegou a hora de olharmos um pouco em direção a nós também", disse, em referência as necessidades de desenvolvimento dos países de ambas as regiões.
Indicou sua predileção pela África a partir do Brasil, o país de maior população negra fora do continente africano, e insistiu em que quis fazer sua última visita presidencial africana a Moçambique, porque assim como o Brasil é um país de língua portuguesa.
Em 2003, quando Lula subiu ao poder, as trocas comerciais entre Brasil e África somavam US$ 5 bilhões e em 2009 tinham passado de US$ 29 bilhões.
Na sua visita a Maputo, o presidente brasileiro inaugurou os cursos à distância em Moçambique da Universidade Aberta do Brasil, visitou uma fábrica de remédios contra a aids que está sendo construída com equipamentos e supervisão técnica brasileira, reuniu-se com as autoridades e com empresários dos países.
Em seu discurso, referiu-se às organizações econômicas multilaterais, Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre os quais falou que devem "abandonar de uma vez por todas" seus "dogmas obsoletos" e "condicionamentos absurdos".
Demonstrou sua postura contrária ao unilateralismo e ao protecionismo e propôs soluções multilaterais aos atuais problemas econômicos mundiais.
Após a visita a Moçambique, Lula seguirá viagem para Seul, para assistir à cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes), onde vai sugerir medidas multilaterais para acabar com a guerra de divisas, na qual algumas nações, como os EUA e China, provocaram a queda de suas moedas para favorecer suas exportações.
Esta medida prejudicou especialmente os países emergentes, cujas divisas se fortaleceram artificialmente, o que dificulta gravemente suas exportações.