Protocolo entre empresa e Governo da Bahia foi assinado na manhã desta quarta-feira (1º)
Com um faturamento, no ano passado, de 3,2 bilhões de euros, a Gamesa, da Espanha, líder mundial na produção e instalação de turbinas eólicas (energia produzida pelo vento), deve se instalar na Bahia a partir de abril de 2011. Um protocolo de intenções assinado nesta quarta-feira (1º) com o governo da Bahia, na Governadoria, com a presença do governador Jaques Wagner, prevê que a empresa – com fábricas na China, Estados Unidos, Índia e Europa – realize em Camaçari a implantação de uma unidade industrial para fabricação de hubs (núcleo unificador da hélice) e montagem de nacelles (turbina) com capacidade para produção de 300 megawatts/ano de energia eólica.
Num investimento de R$ 100 milhões, estima-se um faturamento anual em torno de R$ 500 milhões e geração de 100 novos empregos diretos. A planta baiana vai produzir três modelos de aerogerador para atender o mercado interno (60%) e externo (40%), com vendas de equipamentos voltadas principalmente para Argentina, Chile e Uruguai. Em contrapartida, o Estado se compromete a conceder o diferimento do ICMS incidente sobre as aquisições do exterior de máquinas e equipamentos necessários à produção e destinados a integrar o ativo fixo da companhia.
Segundo o presidente do Conselho Administrativo da Gamesa, Pascual Fernandez, a empresa de energia limpa que atua há 20 anos no país teve um desenvolvimento industrial favorável na década de 90. “Depois de analisar detalhadamente os projetos eólicos que o governo federal começou a executar, a proposta da Bahia foi considerada particularmente positiva e incentivadora. Desejamos que aqui seja o centro de produção da Gamesa para abastecer todo o Mercosul”, disse Fernandez.
Os aerogeradores são fontes renováveis de energia e evitam a emissão de milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Envolvida em projetos em todo o mundo, a Gamesa é responsável pela operação de parques eólicos, em diferentes estágios de desenvolvimento, na Europa, América e Ásia.
De acordo com os espanhóis, ao investir no setor, o governo da Bahia está aliando, ao mesmo tempo, geração de energia, preservação do meio ambiente e desenvolvimento, já que o grande potencial eólico baiano se concentra na região do semiárido.
Novos investimentos
Outra grande empresa do setor de energia está chegando à Bahia. Trata-se da francesa Alstom, cuja fábrica entrará em operação no primeiro semestre de 2011 e será dedicada à montagem de aerogeradores, com capacidade instalada de 300 megawatts/ano e investimento de R$ 50 milhões.
Já manifestaram também a disposição de investir no estado 17 empresas ligadas ao setor, representando inversões de mais de R$ 20 bilhões, com perspectiva de geração de 1.600 novos empregos. Isso se dá não só pela vocação natural do estado, mas também pela infraestrutura para o atendimento ao empresário. Efetivamente, cinco empresas estão em fase de implantação, representando investimentos superiores a R$ 3 bilhões.
O secretário estadual da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, declarou que, além de ser um segmento limpo, o setor cresce de forma exponencial no mundo inteiro. “Hoje, temos na Bahia e no Brasil uma competitividade muito grande quando vendemos essa energia nos leilões. O nosso estado tem o maior potencial eólico do país e já temos em obra cerca de 360 megawatts, o que equivale a R$ 1,5 bilhão de investimentos, além de ter assinado com o governo, dependendo dos leilões de energia, um valor superior a Itaipu, que soma quase R$ 40 bilhões”, explicou Correia.
Além de investimentos na indústria, a Bahia possui vocação para se posicionar entre os maiores estados produtores de energia elétrica a partir de fonte eólica, pois conta com cerca de 20 mil megawatts em projetos sendo pesquisados e desenvolvidos. Nos últimos dois anos, o estado vendeu 34 projetos de energia eólica em leilões, ofertando uma potência de mais de 900 megawatts, através de parques que devem operar a partir de 2012.
Mais de 40 municípios baianos estão diretamente ligados às atividades de energia eólica, seja com parques em construção, projetos em fase de prospecção ou áreas industriais localizadas nos municípios de Camaçari, Candeias, Ilhéus e Salvador, que se preparam para receber e fornecer os equipamentos para os parques.