Quebra de sigilos provocou mudanças nos depoimentos dos ex-diretores da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal).
A última acareação da CPI que investiga irregularidades cometidas no âmbito da Ebal, durante o governo passado, foi marcada por depoimentos contraditórios e por evidências do total descontrole fiscal e financeiro por parte dos dirigentes das empresa. Depuseram novamente, na acareação desta quarta-feira (07), o ex-presidente da Ebal, Omar Britto, o ex-gerente de engenharia, Leôncio Cardoso e o ex-diretor financeiro da mesma empresa, Antônio Mário, além do representante legal da construtora Comasa, José Gomes.
Uma das maiores contradições nesta acareação foi a alteração nos depoimentos do ex-gerente, Leôncio Cardoso, e o ex-diretor, Antônio Mário, que anteriormente disseram não possuir nenhuma relação comercial ou pessoal com José Gomes. Entretanto, após conhecimento da posse da quebra do sigilo bancário por parte dos membros da CPI, ambos admitiram não somente se relacionar com Gomes, mais também ter recebido dinheiro emprestado dele e do proprietário da Silveira Empreendimentos, Sílvio Silveira.
Foi motivo de piada no plenário uma das falas de Zé Gomes, ao afirmar que emprestou e continua emprestando dinheiro aos seus amigos, ainda que estes sejam funcionários públicos, em Salvador e no interior do Estado, sem cobrar juros ou qualquer acessório. O ex-diretor financeiro da Ebal assumiu ter recebido transferências da conta da Comasa de valores entre R$ 5 e R$ 50 mil.
A acareação resultou em informações substânciais para essa etapa final da CPI. O relator, deputado José Neto, declarou que entregará uma prévia do relatório até o fim deste mês para apreciação, e o relatório final até a primeira quinzena de dezembro. “Estamos em fase decisiva. Temos, em elementos materiais e depoimentos, um farto conjunto de provas para apresentar à sociedade baiana um relatório que mostre claramente o que se deu nos últimos anos na desastrosa administração da Ebal”, ressaltou o deputado.
Resultado da polêmica que aconteceu na reunião passada, quando o relator da CPI foi impedido de interrogar sucessivamente os depoentes utilizando quarenta minutos para questionar cada um deles, foi aprovado um requerimento solicitando para a próxima reunião, 14 de novembro, nova oitiva do diretor presidente da Rede Interamericana de Comunicação (antiga Propeg), Fernando Barros.
Histórico
Neste oito meses a CPI apurou irregularidades na área de engenharia, especialmente na relação entre a Ebal e a OAF, que recebeu entre 2003 e 2006 cerca de R$ 46 milhões; também comprovou-se a fraude de notas fiscais no valor de R$ 3,7 milhões envolvendo um comerciante do município de Aicuara.
Além disso, as investigações mostram que as contratações de fornecedores para compra de mercadorias para revenda aconteciam sem o devido processo licitatório, tendo gasto a Ebal quase R$ 2 bilhões, entre 2002 e 2006, bem como, cerca de 99 por cento das contratações dos fretes da empresa eram baseadas em processos informais, através de cadastros de motoristas autônomos, também sem a realização de licitação.