Misso chinesa avalia qualidade da cultura do tabaco no Recncavo

Bahia exporta 97% da produção de folhas de fumo, principalmente para a Holanda e a Alemanha
Uma missão de técnicos do Ministério da Agricultura da China está desde segunda-feira (9) na Bahia percorrendo plantações e indústrias do tabaco instaladas no Recôncavo para certificar a qualidade do fumo no estado. Para aprovar a importação do produto, a missão quer assegurar que a Bahia seja zona livre do mofo-azul, praga que causa a morte da planta cultivada também na Ásia. A vinda dos chineses é o resultado imediato da última visita do governador Jaques Wagner à China, realizada em abril.
“Foi feito um trabalho exemplar de equipe – governo federal, governador, secretário da Agricultura, Eduardo Salles, e nós do Sinditabaco, que representamos o setor empresarial. Depois de quase um ano e meio de tentativas e de uma visita do governador à China, conseguimos trazer esta equipe de técnicos para vistoriar o nosso setor produtivo”, afirmou o presidente do Sindicato das Indústrias de Tabaco do Estado da Bahia, Ricardo Becker.
Em um primeiro momento, os chineses estão interessados em comprar a produção das folhas de tabaco, matéria-prima para a fabricação dos charutos, mas o Estado está trabalhando para que o fumo beneficiado e com valor agregado produzido na Bahia seja destinado também para a China.
Com a liberação da exportação para a China, a expectativa da Secretaria da Agricultura (Seagri) é de que a produção aumente 100%, consolidando a cultura do fumo para charutos, criando empregos e recuperando a economia do Recôncavo.
Pode levar até dois anos para a folha do fumo ser transformada em charuto. Quatro meses após o plantio, o tabaco é colhido e passa pelos processos de secagem, fermentação, seleção, enfardamento e segue para a exportação ou para as fábricas da região. Todo o processo é monitorado e a umidade e a temperatura dos ambientes de armazenamento são rigorosamente controladas.
A cadeia produtiva do charuto emprega 14 mil pessoas no Recôncavo, a maioria agricultores familiares, sendo 90% de mulheres. Rita de Jesus trabalha há 32 anos na produção e fala da importância da cultura do tabaco na sua vida. “Consegui criar meus três filhos, que puderam estudar. Já me aposentei e continuo trabalhando aqui na fábrica de São Félix”.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Fumo, Josenita Souza Salomão, 70 anos, há 50 sobrevive da atividade. “Todo mundo tem carteira assinada, recebe lanche, a carga é de oito horas, de segunda a sexta-feira, e se tiver que trabalhar no fim de semana, recebe hora extra. As indústrias fornecem ainda adubo e assistência técnica”.
Segundo Josenita, a cultura é rentável e o retorno é imediato, sendo mais vantajosa do que o aipim, o milho e a mandioca, que também são beneficiados após a colheita do fumo pelo adubo fornecido pelas indústrias do tabaco.
Adab como referência
Para o diretor do Departamento de Saúde Vegetal do Ministério da Agricultura, Cósam Coutinho, a ação da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) também foi fundamental para a atração dos chineses. “A Adab é referência para nós, não somente nesta questão do tabaco, mas também com o trabalho que se faz com o algodão, que nos auxilia no programa da mosca-da-fruta. A agência tem uma participação fantástica neste trabalho conjunto com o Ministério da Agricultura, no que diz respeito à natureza fitossanitária”.
O superintendente da Seagri, Raimundo Sampaio, disse que cabe agora à Bahia monitorar o processo e manter os produtores estimulados, sobretudo os pequenos agricultores familiares.
Ele declarou que o tabaco é uma cultura que gera em torno de dois a três empregos por hectare e explicou que é necessário aproveitar esta característica quase que de manufatura para poder atender este grande mercado, que é o chinês. “Buscamos cada vez mais a redução de custos na produção, a melhoria na qualidade do produto e obviamente a fixação do homem do campo, sobretudo aqui nesta região do Recôncavo”.
Para isso, afirmou Sampaio, o Estado tem trabalhado na instalação de fóruns consultivos. No ano passado foi implementada a câmara setorial do charuto no estado, com a participação do empresariado, dos pequenos produtores, dos movimentos sociais, interagindo com bancos e com o suporte científico da Embrapa.

 

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