Com o objetivo de discutir ações que levem à redução dos roubos de cargas nas estradas baianas e estratégias de policiamento em regiões nevrálgicas na capital e no interior do estado, uma reunião, com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) foi realizada na manhã desta quinta-feira (8), na sede da Associação Bahiana de Supermercados.
Valores estimados de prejuízos por cargas roubadas no período de janeiro de 2010 à junho de 2011 foram apontados pelos empresários do setor alimentício, de materiais eletrônicos e de combustíveis e pelo presidente da Abase, Teobaldo Costa, a fim de apresentar um inventário aos titulares da SSP, Maurício Teles Barbosa, da Polícia Civil, Hélio Jorge Oliveira Paixão, da Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas em Rodovias (Decarga), João Uzzum, e do Comando da Polícia Militar (PM), coronel Carlos Eleutério.
Na oportunidade, Teobaldo Costa agradeceu ao deputado estadual e líder do Governo da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Zé Neto (PT), pelos empenhos por ter articulado a realização do encontro, que se constitui como o primeiro com este viés já realizado.
“Zé Neto é um amigo e apoiador do nosso setor e foi através dele, em conversa com o secretário Maurício há quinze dias, que conseguimos agendar essa reunião”, disse o presidente da Abase ao enfatizar a disposição do secretário ao atender o pleito. “Uma das marcas deste Governo é, de fato, o diálogo. A presença do secretário e de representantes de todos os quadros da SSP neste evento nos mostra a boa vontade de resolver os problemas juntamente com a sociedade civil”, frisou.
O deputado aproveitou a oportunidade para relembrar a importância da instalação e pioneirismo da Câmara Setorial do Atacadista, Distribuidor e Varejista, onde as demandas dos segmentos envolvidos são discutidas juntamente com representantes do estado, constituindo-se um fórum permanente de discussões, cujo objetivo final é ampliar o nível de organização e o desenvolvimento do setor.
Com relação ao tema roubo de cargas, o petista disse que, assim como no caso do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) - quando o diálogo com a Secretaria da Fazenda (Sefaz) foi crucial para ampliação do prazo da obrigatoriedade de sua implantação, já que havia certa limitação por parte de alguns representantes do setor de atacado e varejo com relação à migração e utilização do software - neste caso, que envolve a Segurança Pública, as discussões devem viabilizar soluções efetivas. “Essa é uma oportunidade que a gente tem de aproximar essas dificuldades num plano de enfrentamento”, pontuou Zé Neto, interlocutor dos atacadistas, distribuidores e varejistas junto ao estado.
A respeito do SPED, o líder governista ainda voltou a sugerir que em cidades como Feira de Santana, Santo Antônio de Jesus e Juazeiro - polos de comercialização no interior baiano - sejam organizados encontros com tons esclarecedores e em parceria com as Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDL’s) dos municípios, a fim de que os técnicos da Sefaz, a categoria, contadores e demais interessados no tema possam discutir a temática.
Quanto aos números de roubo de cargas do setor alimentício, Teobaldo Costa disse que desde o ano passado a Abase, através de levantamento junto aos empresários do ramo, contabiliza 250, embora este não seja a quantidade real, já que em muitos casos as queixas não são efetuadas por causa da centralização do local de registro e resolução do problema na Decarga, em Feira de Santana, única no estado especializada neste segmento.
O titular da Decarga informou que a escolha de Feira de Santana para sede da delegacia se deu em função de sua localização estratégica de deslocamento de equipe, já que, segundo ele, os grandes roubos desta natureza acontecem no interior do estado e nas rodovias, embora reconheça que há necessidade de descentralização.
“Já estávamos estudando a possibilidade de criação de núcleos especializados em cidades como Teixeira de Freitas, Barreiras e Vitória da Conquista, por exemplo, que são pólos regionais de comercialização. Mas isso não vai encerrar os trabalhos que vêm sendo realizados das Coopins (Coordenadorias de Polícia do Interior), onde também podem ser feitos os registros e as investigações, ao contrário, será uma forma de reforçar os trabalhos das Coordenadorias”, informou João Uzzum.
De acordo com Uzzum, o trabalho realizado pela inteligência da polícia integrado ao diálogo com os empresários é de suma importância. Ele ainda frisou a necessidade de as transportadoras modernizarem e qualificarem sua logística. “Um sistema de rastreamento que possibilite repassar as informações com agilidade para a polícia é fundamental”, enfatizou o delegado, que aproveitou para dizer que o fato de não existir um cadastro nacional de cargas roubadas gera problemas no momento de sua identificação.
Para o secretário da Segurança, a reunião se constituiu como um espaço importante para apresentação dos problemas, mas, sobretudo, de soluções. Atendendo ao pedido dos presentes, o titular da SSP prometeu enviar reforço policial ao bairro da Calçada, na Cidade Baixa, e à Ceasa, tido como pontos críticos na capital. Como o posto policial da Ceasa está desativado, Maurício Barbosa também prometeu estudar sua reabertura. Ele aproveitou para sugerir a realização de outros debates mais técnicos e de semelhante mote a fim de verificar se as medidas a serem adotadas nos próximos dias serão eficazes e o que precisa ser feito para aprimorá-las.
“Estamos pavimentando os caminhos dos próximos três anos e o Estado também está estudando a questão das cargas, que deve deixar de ser tratado pelo Depin (Departamento de Polícia do Interior) passando a ficar aos cuidados do Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal”, disse o Maurício Barbosa ao informar que, como chegará mais verba para a área de Segurança, mais deve ser investido para combater o roubo de cargas na Bahia.
O secretário Maurício também lembrou que quando o atual governo passou a gerir o Estado, havia um déficit de 20 mil policiais e que nos três primeiros anos de gestão 8.500 policiais foram contratados e no ano passado mais 3.500 foram convocados para compor o quadro da Segurança Pública, além de quase 4 mil viaturas entregues, sem contar as motocicletas e as reformas de várias unidades policiais. “Ainda há muito que se fazer e, para este ano, estamos prevendo novas contratações”, disse o secretário, que em menos de seis meses à frente da SSP entregou à população o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), inaugurado no mês de abril, e está próximo à inaugurar a segunda Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na capital baiana.
Além do deputado Zé Neto (PT); do secretário da Segurança Pública, Maurício Trindade; do presidente da Abase, Teobaldo Costa; de Hélio Jorge Oliveira Paixão (titular da Polícia Civil), João Uzzum (delegado da Decarga), de coronel Carlos Eleutério (Comando da PM), também participaram da reunião Rui Trindade (TransBahia Transportes), Vinícius (membro da Diretoria Executiva da Associação dos Distribuidores e Atacadistas da Bahia - Asdasb), Aroldo Nuñez (presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador- CDL), João Carlos (representante da Pamcary Corretora de Seguros), Dagmar Alves Martins (diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas da Bahia -Setceb) e dezenas de empresários.
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