Após muitos anos sem uma CPI chegar ao seu final na Assembléia Legislativa, a CPI da Ebal apresenta relatório conclusivo.
Após 11 meses de investigação chega ao fim, na Assembléia Legislativa, a CPI que apurou irregularidades cometidas na Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), durante a gestão passada. O relatório conclusivo do deputado e relator Zé Neto foi aprovado na noite de ontem, 20 de fevereiro, por 4x1 votos, com duas abstenções. Votaram a favor o relator e os deputados Álvaros Gomes (PCdoB), Carlos Ubaldino (PSC) e Paulo Rangel (PT), se abstiveram os deputados Junior Magalhães (DEM) e Luis Augusto (PP) e votou contra o deputado Sandro Regis (DEM).
O relator informou que utilizou vasta documentação do Tribunal de Contas do Estado e da Auditoria Geral do Estado para orientar as investigações, além da documentação probatória colhida por esta CPI, com cerca de 50 mil documentos, totalizando 67 pastas, que fundamentou o relatório de 234 páginas, juntamente com os 32 depoimentos ouvidos e as 14 quebras de sigilo bancário.
Ficou evidenciado, dentre outras modalidades ilícitas os crimes de formação de quadrilha e improbidade administrativa. Destacam-se os desvios e beneficiamentos obtidos pelos ex-diretores da Ebal, entre 2003 e 2006, através de empreiteiros, que realizaram serviços na estatal sem o devido processo licitatório, bem como a incerteza na execução de obras no programa Nossa Sopa, diante de notas fiscais apresentadas pela contrutora Silveira Empreendimentos sem a devida descrição dos serviços prestados, no valor de cerca de R$ 4 milhões e da apresentação de notas frias por parte da Comasa Construtora, comprovando fraude de R$ 4,1 milhões.
Também ressalta-se o não cumprimento das normas internas em consonância com a lei de licitações no que se refere à compras de mercadorias para revenda e depesas com fretes, além da má gestão de recursos públicos com gastos na área de publicidade e propaganda em serviços não justificados, que demandou o prejuízo só nos seis primeiros meses de 2006, em R$ 19 milhões, em um momento de crise financeira.
De acordo com o deputado Zé Neto, esse relatório “ é o resgate do Estado de Direito na Bahia, e estamos levando à sociedade o que ela esperava da CPI: respostas. Por meio dele, recomenda-se à Ebal ações que visam evitar novas irregularidades cometidas devido ao sistema ineficiente e fraudulento utilizado na administração anterior. Além disso, encaminha-se ao Ministério Público pedidos de indicamento e recomendações para dar seguimento às investigações e as quebras de sigilos bancários, fiscais e telefônicos que não chegaram à CPI em tempo hábil”.
Pedidos de Indiciamentos | Irregularidades | Cargo |
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Omar Britto |
| Ex-presidente da Ebal |
Geraldo Oliveira |
| Ex-diretor administrativo da Ebal |
Antônio Mário Dantas |
| Ex-diretor financeiro da Ebal |
Josemário Galvão |
| Ex-diretor de operações da Ebal |
Leôncio Cardoso |
| Ex-gerente de engenharia da Ebal |
Alexandre Sampaio |
| Ex-gerente de Compras da Ebal |
José Gomes |
| Empreiteiro – representante legal da Comasa Construtora |
Silvio Antônio Cabral |
| Proprietário da Silveira Empreendimentos |
Marcos Paiva |
| Diretor-executivo da OAF |
Cosme Bispo |
| Ex-proprietário da Comercial Bispo |
Ednaldo Casaes |
| Contador da Comercial Bispo |
Jason Leal |
| Comprador da Ebal |
Debora Assis |
| Comprador da Ebal |
Acy Pinheiro |
| Comprador da Ebal |
Recomendações ao Ministério Público | |
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Axxo Construtora Ltda. | A continuidade das investigações da CPI no que tange os motivos que fizeram a Sucab pagar 58% de acréscimo ao valor permitido pela lei de licitações, enquadrando a Axxo ou não, em crimes contra licitações e improbidade administrativa. |
Rede Interamericana de Comunicações S.A. (antiga propeg). | A continuidade das investigações da CPI pela má gestão de recursos públicos, enquadrando a agência ou não, em crimes contra licitações e improbidade administrativa. |