Feira de Santana vai sediar Encontro Sobre Culturas do Serto

Reafirmando seu compromisso com Feira de Santana e a cultura regional, o Governo da Bahia deve investir cerca de R$ 6,6 milhões na revitalização do Centro de Cultura Amélio Amorim

Uma verdadeira celebração da cultura. Assim promete ser o Encontro Sobre Culturas do Sertão agendado para março de 2012 em Feira de Santana. Na oportunidade, a cidade, que possui o título de “Princesa do Sertão”, vai reunir estudiosos, expor a cultura popular através do artesanato e artes visuais; além de lançar livros e filmes; apresentar espetáculos de teatro, de dança e de música; incluindo uma grande homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, o "Embaixador Sonoro do Sertão".

Vale lembrar que, ao visitar o Centro de Cultura Amélio Amorim (CCAA), em Feira de Santana, no último sábado (3) - a convite do deputado estadual e líder do Governo Zé Neto (PT) - o secretário Estadual da Cultura, Albino Rubim, reafirmou que a intenção do Governo do Estado é marcar uma nova era para a visibilidade da cultura sertaneja da Bahia.  A intenção do deputado ao levar o secretário ao Amélio Amorim foi mediar junto ao Governo do Estado uma intervenção para a revitalização do Centro de Cultura. 

Com um aceno positivo, o Governo Wagner já anunciou que deve investir, inicialmente, R$ 600 mil até outubro deste ano para a reforma da sala principal do teatro e a recuperação do palco e das cadeiras. Posteriormente, serão aplicados mais R$ 6 milhões para a revitalização do Complexo do Boi que incluem a Boate Jerimum, o restaurante, um teatro de arena com capacidade para duas mil pessoas e a sala principal. Com um total de R$ 6,6 milhões em investimentos, a revitalização do CCAA representa o reconhecimento do Governo Estadual da importância histórica e cultural desse espaço para a população feirense.

Confira o artigo "Culturas do Sertão", de Albino Rubim (Secretário de Cultura do Estado da Bahia),  publicado no Jornal A Tarde desta sexta-feira (09).

“A cultura da Bahia é diversa e plural. Ao lado da nossa marcante cultura afro-brasileira, a Bahia conjuga inúmeras outras dicções, essenciais para a configurações da chamada cultura baiana. Dentre estes múltiplos estoques e fluxos se destacam, sem dúvida, os adivinhos das culturas do sertão. Esta excepcional presença decorre não só da vastidão da área do Estado que ambienta e alimenta tal cultura, pois ela constitui a maior parte de nosso território, mas também e principalmente da riqueza, da complexidade e da pluralidade de suas manifestações simbólicas.

As culturas do sertão derivam de uma memória secular, conformadora por potentes e variadas tradições e por uma rica história de reinvenções.

A figura do vaqueiro, agora registrada como patrimônio cultural do Estado da Bahia, em uma atitude inovadora, está, de modo significativo, na origem da chamada civilização brasileira. No caso da Bahia, o vaqueiro foi responsável, em boa medida, pela constituição destas peculiaridades culturas, pela extensão territorial do Estado e pelo desbravamento dos sertões, inclusive aqueles longínquos, como por exemplo, aconteceu com o Piauí, povoado inicialmente pela criação extensiva de gado vinda da Bahia.

As culturas do sertão têm sido conformadoras e inspiradoras essenciais da cultura brasileira. Na literatura, podem ser lembrados gigantes como Euclides da Cunha, com sua epopéia sobre os sertões; Graciliano Ramos, com o preci (o) so Vidas Secas; Guimarães Rosam com o inventivo Grande Sertão: Veredas; e a dramática poesia de Morte e Visa Severina, de João Cabral de Melo Neto. No cinema, o esplendor de Deus e o Diabo na Terra do Sol, e Glauber Rocha; a árida beleza de vidas, de Nelson Pereira dos Santos; o renovado sertão de Baile Perfumado, de Paulo Caldas Lírio Ferreira, além dos documentários de Geraldo Sarno. No teatro, a contundente peça Vau de Sarapalha, adaptada e dirigida por Luiz Gonzaga que, em 2012, comemoraria seus 100 anos e, em sotaque mais erudito, Elomar. Enfim, vaqueiros, cangaceiros, religiões messiânicas povoam o imaginário brasileiro e baiano.

Por certo, esta sucinta lista contém graves e injustificáveis esquecimentos, mas ela não pretende ser exaustiva. Antes, ela busca demonstrar, de modo bastante sintético, como os sertões marcam em profundidade e constituem a cultura brasileira. Aliás, os limites espaciais deste texto não comportariam, de modo algum, a ampla e maravilhosa gama de criadores e obras enlaçados com a culturas do sertão.

Apesar deste grandioso cenário, as culturas do sertão não têm sido contempladas de modo satisfatório pelas políticas culturais realizadas até o momento no Brasil e, em especial, na Bahia. Cabe assumir o compromisso de reverter este quadro e superar esta distância entre as políticas e as culturas do sertão. A continuidade e consolidação do processo de territorialização da cultura na Bahia impõem um novo olhar acerca das culturas do sertão, que não apenas busque manter tradições, mas que propocie novos diálogos interculturais, sem os quais a dinâmica cultural se vê paralisada e a cultura sofre intensos prejuízos.

A criação de um centro de Referência do Sertão (Ceres), para trabalhar de modo colaborativo e articular as instituições já existentes voltadas às culturas do sertão, dever ser um primeiro movimento institucional na perspectiva de conectar, em modalidade substantiva, as políticas públicas de cultura e este imenso estoque e fluxo das culturas do sertão.

Mas, para marcar esta sintonia entre políticas culturais e sertão, nada melhor que uma comemoração. Assim, marcamos para março de 2012 uma celebração das culturas do sertão em um evento que deve reunir em Feira de Santana: um encontro de estudiosos das culturas do sertão; exposições de artesanato, cultura popular e artes visuais; lançamento de livros, filmes e outros bens culturais; mostra temática de filmes; espetáculos de teatro, de dança e de música, incluindo uma grande homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga".

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