“Se nada resolvermos, vamos paralisar nossas atividades”, afirma presidente da Associação, que agrega 400 produtores
Alegando que a tabela de preços adotada para pagamento de produtores pela Brasil Foods/Perdigão no estado é, praticamente, a pior do país, a diretoria da Associação dos Produtores Integrados em Avicultura da Bahia (AIAVE Bahia) reuniu-se com o líder do Governo na Assembleia Legislativa da Bahia, deputado estadual Zé Neto (PT), na tarde desta segunda-feira (24), quando foram apresentadas as reivindicações dos produtores associados e discutida a validação da planilha de custos e novos procedimentos operacionais pela BRF.
Como a empresa está prestes a ter uma porcentagem de seus ativos (sistema de produção) repassada para uma nova instituição a fim de se evitar o monopólio na distribuição de aves e promover competitividade no mercado, os associados temem ser terceirizados nas atuais condições. Segundo membros da diretoria da Associação, as planilhas já foram entregues à BRF. “Nosso contrato ainda é de 2001, quando foram repassados da Avipal para a Perdigão”, apontaram.
Negociações - Para discutir essas e outras questões, a diretoria da AIAVE Bahia convocou uma reunião para esta quinta-feira (27), às 09, na fábrica da Brasil Foods/Perdigão, na BR 324, próximo à Feira de Santana. Zé Neto – cujo mandato colaborou para a criação da Câmara Temática de Aves e Suínos na Bahia e foi um dos incentivadores da criação da AIAVE em 2004 – é quem irá intermediar a reunião entre a Associação e a BRF.
De acordo com o presidente da Associação, Benedito Antônio Batista, o objetivo principal desta reunião é estabelecer parâmetros de remuneração e procedimentos operacionais. “Estamos com o nosso ganho muito defasado, embora aqui haja incentivo fiscal por parte do Governo”, disse Benedito, ao explicar que em estados como Santa Catarina, por exemplo, as integradoras deixaram de utilizar planilhas diferenciadas em atendimento às diretrizes do Governo Federal que, através da Embrapa, realizou estudo de remuneração com base em custos totais de produção de cada integrado desde a produção até a entrega das aves. A partir desse ponto, foi criado um modelo de remuneração padrão.
“Enquanto em Paraná, Minas Gerais e Brasília, por exemplo, a BRF paga R$ 6,7 por metro quadrado de frango, na Bahia ela paga R$ 3,03. Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Brasília e Minas Gerais são grandes centros produtivos que, diferentes entre si, agem de maneira parecida enquanto integrados e é isso que queremos aqui na Bahia”, explicou Benedito ao enfatizar: “Se nada resolvermos nesta reunião, vamos paralisar nossas atividades”.
Lembrando que a AIAVE Bahia agrega cerca de 400 produtores, gerando aproximadamente 2 mil empregos, e movimenta cerca de 130 mil aves por dia - o que representa quase 3 milhões de aves/mês - Zé Neto (que tem participado de discussões em torno da estruturação da cadeia produtiva avícola na Bahia ) confirmou sua presença na reunião de quinta-feira (27), quando reafirmará seu apoio à Associação.
Reivindicações da AIAVE Bahia - Em face de condições já existentes em outras unidades da BRF no Brasil, a Associação dos Produtores Integrados em Avicultura da Bahia reivindica, dentre outros: atualização da planilha de custo a cada 6 meses; pagamento sobre atraso na entrega da ração respeitando as normas e datas para pedidos de ração; treinamento para os técnicos da integradora; aprovação imediata da planilha de custos para a produção de frango de corte conforme modelo da Embrapa; quando ocorrer atrasos na entrega do lote a ser alojado a integradora pagará os dias de mão de obra (base remuneração padrão) que foram gastos desnecessariamente devido aos atrasos ocasionados pela integradora; o descredenciamento de um produtor integrado não pode ser decisão isolada por ato de vontade da Empresa a não ser em casos devidamente comprovados de desvio de conduta; transparência total na fórmula de cálculo da remuneração do produtor; além de creditar na conta corrente da AIAVE Bahia os descontos referentes a contribuição periódica, devidamente autorizada por cada associado.
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