Matrículas nas instituições federais cresceram 86% nos últimos 10 anos; Nas estaduais, o aumento foi de 66%
O número de brasileiros matriculados no ensino superior cresceu 110% nos últimos 10 anos. Hoje, há 6,5 milhões de universitários no país, 173 mil deles em curso de pós-graduação. Os dados são do Centro da Educação, divulgado ontem. Se for mantido, o ritmo de crescimento, comemorado pelo Ministério da Educação (MEC), levará o Brasil a alcançar, daqui a outros 10 anos, a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), de termos uma faixa de escolaridade bruta superior a 50% da população - um número menor do que o do Chile, e muito inferior ao da Argentina atualmente.
Hoje o Brasil tem uma taxa bruta de escolaridade de 34,4% - isso significa que o número de estudantes nas universidades representa pouco mais de um terço dos jovens de 18 a 24 anos. No entanto, a taxa bruta considera universitários de todas as idades. A taxa líquida, que leva em conta apenas o número de estudantes nessa faxa etária, é de 17%. Para atingir a meta, de 33% no PNE que está para ser votado no Congresso, o país terá que quase dobrar o número de matriculados.
"Tivemos um incremento muito forte e completamente coerente com a meta do PNE. Se mantivermos esse ritmo, será possível até mesmo superá-las", afirmou ontem o ministro da Educação, Fernando Haddad. A maior parte desse crescimento ainda se concentra nas universidades privadas.
Apesar das matrículas nas instituições federais terem crescido 86% nesse período - nas estaduais o aumento foi de 66% - e terem alcançado 938,7 mil alunos, as escolas particulares ainda possuem cinco vezes mais alunos. A proporção também se mantém na oferta de vagas nos vestibulares e entre os formandos. O número de estudantes que concluem a graduação aumentou duas vezes e meia desde 2001, mas menos de 20% destes estão em universidades públicas.
O Centro também mostrou, mais uma vez, o crescimento acelerado do Ensino a Distância (EAD). Hoje, essa modalidade já concentra 14,6% das matrículas do ensino superior, quando em 2001 praticamente não existia. Quase a metade dos estudantes - 45,8% - é de cursos de licenciatura. A média de idade dos estudante também é mais alta: enquanto nos presenciais fica em torno de 26 anos, chega a 33 no EAD.
"O Ensino a Distancia está atingindo um público que talvez não tivesse acesso à educação superior de outra forma", afirmou Haddad. Mas a qualidade desse curso não é sempre a que o governo gostaria, como admite o próprio ministro. Haddad acredita que o percentua de matrículas no EAD seria ainda maior se o Ministério não estivesse controlando.