Reflexes de fim de ano pelo Arcebispo Dom Itamar Vian

ONTEM – HOJE – AMANHÃ

Ela se chamava Gabriela e preparava-se para a festa dos quinze anos. Feições simples, simpática, fazia tudo com intensidade. Líder na escola, invariavelmente recebia as melhores notas. Ao retornar para casa, um motorista embriagado causou-lhe a morte. Em seu túmulo foi escrita uma frase que resume sua vida: ela fez tudo o que podia, quando podia.

O ANO DE 2011, cansado, afunda no oceano do passado, enquanto desponta cheio de cores e promessas o Novo Ano. É um momento propício para uma meditação sobre o papel do tempo. Já o genial Agostinho de Hipona, no século IV, ficava perplexo diante do tempo, algo que todos sabem o que é, mas que ninguém consegue definir.

OS ROMANOS tinham uma divindade protetora do tempo, chamada Occasio, isto é, a Ocasião Oportuna, o momento certo. No futebol, numa orquestra, numa solenidade, existe sempre o momento certo. Não antes, nem depois. Há um tempo certo para a fruta madura. Antes é verde, depois apodrece.

OS GREGOS também se debruçaram sobre o tempo e acharam, melhor dar-lhes duas dimensões. Cronos é o tempo comum. É o tempo do calendário, da cronologia. Já o Kairós é o tempo de Deus. É a passagem de Deus pela nossa vida e que suscita tempos especiais, densos de vida e de salvação. São esses momentos que fazem a diferença na nossa vida.

NA IMPOSSIBILIDADE de engessar o tempo, para melhor situá-lo, nós o cortamos em fatias: minutos, horas, dias, meses, anos e séculos. Também tentamos percebê-lo através de três dimensões: passado, presente e futuro. Ou ainda: ontem, hoje e amanhã. Mesmo assim, não sabemos comportar-nos diante desses três estágios. Preocupamos-nos com o ontem e amanhã e descuidamos o hoje. O passado é definitivo e imutável, o futuro é desconhecido. Na realidade, sobra apenas o momento presente.

SANTO Agostinho deu-se conta que ele jogava para o futuro suas decisões, que implicavam mudança de vida: “Amanhã, sempre amanhã, porque não hoje?” O raciocínio está correto. Deus oferece sempre, e a todos, o perdão, mas não garante a ninguém o dia de amanhã. O tempo de Deus é hoje. O passado deve ser entregue à misericórdia, o futuro à providência. Peregrinos, terminais, sempre visão de chegada, temos em mãos a preciosa moeda do presente. É com ela que podemos construir a eternidade.

Itamar Vian

Arcebispo Metropolitano

di.vianfs@ig.com.br

Obs.: Texto publicado sob autorização de seu autor, Dom Itamar Vian, de acordo com a solicitação do deputado estadual Zé Neto, que acompanha as mensagens do arcebispo assidualmente, seja na igreja, nas emissoras de rádio, nos jornais impressos ou sites.

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