II Seminário Estatuto das Cidades discute formas mais humanizadas de convivência com o espaço habitacional

O deputado estadual Zé Neto prestigiou o evento e salientou que uma das grandes preocupações do Partido dos Trabalhadores na cidade de Feira de Santana sempre foi o planejamento urbano voltado para a melhoria das condições de vida da população

Qual é a sua relação com a cidade onde você mora? Algum dia, atravessando uma rua, você já se perguntou qual é o seu lugar em meio ao caos que impera nos centros urbanos brasileiros? Estas e outras questões relacionadas à vivência humana nas cidades foram discutidas durante o II Seminário Estatuto das Cidades, realizado pelo mandato do vereador Ângelo Almeida (PT), na noite de sexta-feira (1), no teatro da Câmara de Dirigentes Lojistas de Feira de Santana.

Com o objetivo de socializar as experiências do arquiteto e urbanista Nelson Yamaga e da jornalista Natália Garcia, especialistas brasileiros que trabalham com o tema da transformação das cidades através da mobilidade urbana, o encontro se propôs a pensar também a cidade de Feira de Santana e a identificar os principais pontos de conflito entre os seus habitantes e a sua lógica estrutural.

De acordo com Ângelo Almeida, há uma iminente necessidade de dar um tratamento diferenciado à cidade, sob o ponto de vista do planejamento estratégico, promovendo modificações simples, mas que podem mudar radicalmente a maneira de a população se relacionar com o ambiente onde vive. “É preciso melhorar a qualidade de vida dos feirenses e isso passa, fundamentalmente, pela questão da mobilidade, da reordenação do solo, da abertura de espaços de lazer e convivência. Nosso intuito, ao realizar este seminário, é fazer com que a sociedade civil conheça as possibilidades de mudança contidas no Plano Diretor, que é um capítulo do Estatuto da Cidade, a fim de que possamos construir uma cidade mais organizada e mais humanizada”, destacou.

Durante a apresentação de sua pesquisa, oriunda do projeto intitulado “Cidades para Pessoas”, a jornalista Natália Garcia salientou que viajou por sete cidades europeias, morando um mês em cada uma delas, em busca de boas práticas e boas ideias para se melhorar as cidades. A finalidade, segundo ressaltou, era trazer e aplicar o que viu lá fora nas grandes e desordenadas metrópoles brasileiras.

Bicicleta 

De acordo com a pesquisadora, que nasceu em são Paulo e confessou não ter tido uma boa relação com a sua cidade natal até a adolescência, um dos principais fatores que a motivaram a vencer o preconceito, o medo e os traumas provocados pelo trânsito convulso, pela violência, pela modernização desenfreada e por outros elementos que tornam hostis e insalubres os centros urbanos, foi a necessidade de se movimentar mais rapidamente em meio ao caos paulistano. Ela contou que ao passar a utilizar uma bicicleta para se locomover, consequentemente, passou a conhecer melhor a sua cidade e a enxergar não só os problemas que ela impõe aos seus habitantes, mas também a beleza dos modos informais de viver e coabitar, além de perceber formas de mudar essa relação conflituosa entre pessoas e cidades.

“Durante a minha viagem à Europa, entrevistei arquitetos, urbanistas, líderes de engajamentos cívicos, líderes de vários movimentos sociais e acadêmicos para entender como eles pensam e desenvolvem formas de melhorar as cidades, a partir dos mais variados pontos de vista, como a mobilidade, a urbanização dos rios, a gestão do lixo, o engajamento cívico e outras práticas que servem ao propósito de reorganizar e humanizar o espaço urbano”, explicou, dando como exemplos a transformação de rodovias em parques artificiais durante o fim de semana, a despoluição de rios e a construção de praias artificiais, a divisão das ruas para coabitação pacífica de vários tipos de transporte, como carros, ônibus, motos e bicicletas.

Em relação à Feira de Santana, a jornalista, que percorreu de bicicleta as ruas da cidade ao longo de um dia, identificou alguns problemas que interferem negativamente na vida das pessoas. “Feira é uma cidade pouco acessível para quem não está de carro. É uma cidade difícil para se atravessar uma rua, difícil para se andar de bicicleta, difícil para se andar a pé e dificílima para se locomover por meio de transporte coletivo. Uma cidade que cresce muito voltada para um único tipo de transporte tende ao fracasso, principalmente se esse transporte é o carro”, analisou.

Na opinião de Natália Garcia, para evitar que a cidade chegue a uma situação de trânsito caótica como a que, segundo ela, se vivencia em São Paulo, é necessário que o município pare de crescer tão focado no carro e melhore as condições para outros modais. “É urgente pensar formas de deslocamento alternativas ao carro e oferecer melhores condições estruturais, que incentivem as pessoas a morarem aqui, inclusive porque, economicamente, uma cidade ordenada e humanizada é muito mais vantajosa”, enfatizou, lembrando que já há aqui uma grande demanda por uma estrutura cicloviária. “Por ser plana, Feira de Santana favorece o ciclismo, mas percebo que muitos ciclistas desrespeitam as regras de trânsito. Daí não apenas é necessário construir ciclovias, mas também educar os ciclistas e a própria população”, frisou.

De acordo com Nelson Yamaga, que dirigiu o Programa de Requalificação Urbana e Funcional do Centro de São Paulo, projeto implementado pela prefeitura, o excesso da frota automobilística é altamente prejudicial não apenas sob o ponto de vista da mobilidade, mas sob diversos outros aspectos, como a poluição e o aumento do número de acidentes. “Quanto maior a frota de veículos, mais problemático é um centro urbano, sobretudo se ele não tem mais como se expandir. Estudos indicam que Feira de Santana tem, proporcionalmente, uma frota de carros superior a de Salvador e que a quantidade de motocicletas dobrou em menos dez anos. Isso significa não se está medindo os custos do progresso. Precisamos lembrar que, pela Constituição, o espaço público é um bem comum de uso do povo. Somos, portanto, usuários e proprietários desse espaço público, o que implica, no mínimo, uma zeladoria urbana de nossa parte, uma postura proativa de cuidado com esse espaço”, avaliou, ressaltando que são imprescindíveis a substituição dos deslocamentos individuais pelos coletivos, a reordenação do fluxo de tráfego pesado na área urbana da cidade e a projeção de espaços arborizados de convivência para a população, que sirvam ao lazer e também à difusão cultural.

Convidado a se pronunciar, o deputado estadual Zé Neto (PT), líder do Governo na Assembleia Legislativa da Bahia, destacou que uma das grandes preocupações do Partido dos Trabalhadores em Feira de Santana sempre foi o planejamento urbano, principalmente voltado para a melhoria das condições de vida dos excluídos que vivem na cidade. “O crescimento urbano é, ao mesmo tempo, importante e preocupante. Por isso é preciso planejá-lo com responsabilidade pública, visando sempre o bem comum. O Governo do Estado em breve estará iniciando a construção da avenida Nóide Cerqueira e não deixamos de pensar em um projeto urbanístico, que também visa a construção de uma ciclovia. Fico muito feliz de estar aqui hoje e perceber que estamos unidos em prol da construção de um plano abrangente e de caráter inclusivo para a nossa cidade, que visa unicamente a melhoria das condições de vida da população”, destacou.

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