O encontro rendeu a proposta de realizar, na Assembléia Legislativa, em setembro, uma Sessão Especial sobre o assunto
O Mercado Internacional do Sisal, a Saúde do Trabalhador e o Combate a Podridão Vermelha foram alguns dos assuntos discutidos no I Encontro do Sisal, que aconteceu em Conceição do Coité, no último sábado, 12 de julho, no Centro Paroquial. A população da cidade compareceu ao evento, que permaneceu cheio durante todo o dia.
O deputado estadual Zé Neto, que é membro da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembléia Legislativa e idealizador do evento, iniciou os trabalhos falando sobre o desafio de organizar as cadeias produtivas no estado. “Tenho participado de reuniões sobre as cadeias, como a do leite, a do sisal e outras tantas. Por isso, reconheço a importância desse debate para o desenvolvimento econômico do nosso estado e do país. Essa discussão é muito importante para essa região, que tem mais de 80% do seu sisal produzido por pequenos produtores e que necessitam de informação”, destacou.
A primeira palestra foi ministrada pela Superintendente Regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rose Pondé, que evidenciou o papel do agricultor familiar na produção de alimentos para o país e apresentou dados de crescimento do número de produtores do sisal e da quantidade adquirida pela Conab. Segundo Rose, em 2006 havia apenas 11 produtores de sisal na região e a quantidade de produto adquirida era de 381.690. Já em 2008, até agora foram identificados 271 produtores e aquisição de 6.446.054 de sisal.
Carina Cezimbra, engenheira agrônoma da Superintendência de Agricultura Familiar da Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia, apresentou o Programa Sertão Produtivo e uma proposta de projeto para a recuperação da cadeia do sisal, que ainda não foi lançado, mas está sendo discutido. “O programa está sendo desenvolvido com base em quatro eixos: Produção e Defesa Sanitária, Mercado e Empreendedorismo, Inovação Tecnológica e Segurança do Trabalho. Nós pretendemos lançar este projeto aqui, em Conceição do Coité”, ressalta.
GRANDE PROBLEMA
A Coordenadora do Programa de Combate a Podridão Vermelha, Cátia Leão, fez um apanhado geral da doença na região sisaleira, falou sobre o acompanhamento e medidas de prevenção. A “doença do sisal” atualmente é o que mais preocupa os produtores.
Segundo Cátia, em todas as áreas onde o sisal está instalado, existe a Podridão Vermelha. “Os maiores índices ocorrem em Araci, com 33% e em Coité, com 24%. O controle que fazemos é aproveitando outros métodos utilizados em outras doenças do solo, por isso, é necessário estudo sobre a doença, para que não comprometa a produção do sisal”, pontua.
A diretora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador da Secretaria de Saúde do Estado, Letícia Nobre, diz que os trabalhadores da Cadeia do Sisal precisam de programas – em parceria estado e município - de prevenção, informação e educação na saúde. “Existem problemas em todas as fases da cadeia, na plantação, colheita, enfim. Os principais problemas são: acidentes no olho, problemas de pele, respiratórios, coluna, amputações de dedo e mão nas máquinas desfibradoras do sisal”, informa.
O presidente do Sindfibras, Wilson Andrade, fez uma explanação técnica sobre o setor do sisal, coordenado pelo sindicato há 30 anos. De acordo com Wilson, o pib do sisal gera US$ 130 milhões, porém, a maior parte dos lucros é de exportação.
“Temos alguns projetos para melhorar a cadeia produtiva, como elevar a produção no campo, melhorar a qualidade da fibra, utilização da planta toda (mucilagem e líquido), consolidar novos usos e adquirir novas máquinas para desfribrar, pentear e fabricar fios e cordas”, enfatiza.
NOVAS UTILIZAÇÕES
Um exemplo citado por Wilson sobre novas formas de utilização da fibra do sisal, é a inserção do material em peças de carros substituindo a fibra de vidro, como a Ford vem fazendo. “Temos como expandir essa fabricação a outras vertentes, como cadeiras plásticas, etc”, diz.
Outro ponto relevante citado no encontro foi a fabricação da Tequila – bebida destilada de fabricação mexicana – no Brasil, através de acordo com a África do Sul, no sentido de obter a muda de sisal que tem esta destinação, porém, não será a mesma muda existente no México.
Duas definições, anseios dos produtores do sisal, resultaram do encontro. A primeira é a realização, em setembro, de uma Sessão Especial na Assembléia Legislativa da Bahia com a participação mais efetiva de setores organizados e envolvidos com o tema. A segunda é a criação de um grupo de trabalho para organizar a luta pela criação de um núcleo de pesquisa dentro da Embrapa, uma vez que o setor precisa de mais competitividade e tecnologia.
A partir do dia 21 de julho estará disponível na internet, um relatório com todas as apresentações realizadas no encontro, através do site: www.zeneto.com.br
e serão distribuídos em forma de documento, para todas as entidades que participaram do evento.
Dentre os presentes no evento, estiveram: o delegado federal do Desenvolvimento Agrário, Lourival Gusmão; o superintendente de Indústria e Comércio da Secretaria Estadual, José Ponde; o coordenador da ADAB de Feira de Santana, Aurino Júnior; o gerente de Projetos Produtivos da APAEB, Gerlândio Araújo Lima; o superintendente da Secretaria de Agricultura, Wilton Cunha; o diretor da Empresa Gráfica da Bahia, Hélio Carneiro; o ex-deputado Emiliano José e produtores de toda região sisaleira.