Nós e nossos filhos estávamos dentro daquele recinto e escapamos por pouco...
São tantos detalhes que faltaram
que uma faísca colorida de um sinalizador,
aparentemente frágil, foi capaz de incendiar a dor
E nesse domingo extremo,
enquanto crianças e idosos acordavam para brincar ou orar,
muitos de nossos jovens encurralados por aparentes esquecimentos
não conseguiram passar pela porta estreita e,
vencidos pela lógica explosiva do ganhar mais sem o limite do outro,
foram sugados pela fumaça cinzenta
e retirados da cena da vida no auge dos sonhos.
É tanta tristeza aos olhos e corações que o mundo se pergunta:
Como? Mais uma vez fogos de artifício em casas de shows?
Mais uma vez a falta de saídas de emergência?
Mais uma vez a superlotação?
Mais uma vez a ausência de extintores?
Mais uma vez, com tanta tecnologia para o som, a falta de ar?
Mais uma vez a falta de pensar?
Mais uma vez a falta de amor na hora dos projetos e execuções?
Mais uma vez, um grande e imenso pesar...
Não foram desconhecidos que se foram,
pois os que estão próximos e multidões muitas,
muitas vezes passam pelos mesmos riscos
ao buscar alegria e energia para viver.
Nós e nossos filhos estávamos dentro daquele recinto e escapamos por pouco...
Fica a melancolia de não ter o que dizer a esses pais e mães
e entes que sentiram numa madrugada o coração pequeno da espera dominical
se tornar um coração partido sem volta e com um pedaço arrancado...
Esperamos justiça... mas,
Só a Deus está entregue o doloroso mistério.
“É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã...
Me diz, por que o céu é azul?
Explica a grande fúria do mundo...”
SOLIDARIEDADE