Artigo: Aquarela do Brasil e a tatuagem musical que Emlio Santiago nos deixou

Autor: deputado estadual Zé Neto (PT), líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia

Ontem, na hora do almoço, minha sobrinha Liz me disse “os bons estão morrendo”, retratando Emílio Santiago, a difícil situação por que passa Dominguinhos, a morte prematura de Chorão e tanto outros. Respondi à ela que a geração de grandes músicos dos anos 70 e 80 está envelhecendo , especialmente aquela que começou sua trajetória em meados dos anos 60, como é o caso da Jovem Guarda, do Tropicalismo, a turma dos festivais da MPB, enfim.

Esse é um processo natural; o que me preocupa além das perdas é que a renovação musical no país, que passa pelo crivo da mídia, ou melhor, pelos interesses da grande mídia, não tem acontecido com a qualidade e a dimensão que em outros momentos foi possível constatar.

A morte de Emílio Santiago, por exemplo, nos lembra a caminhada de um artista que chegou ao sucesso através dos festivais e dos programas de calouros que outrora, muito menos cibernéticos e manipuláveis, alçaram grandes figuras ao estrelato da Música Popular Brasileira; roqueiros, românticos, regionalistas, baladeiros, sambistas e por aí vai.

A lacuna deixada por Emílio, inclusive, ficará aberta e vemos poucos movimentos por parte da grande mídia na valorização de estilos como o dele, que internacionalizou sua carreira e nos momentos áureos de sua trajetória foi exatamente cantando Aquarela do Brasil, canção que enfatiza as belezas do Brasil e foi escrita pelo compositor mineiro Ary Barroso em 1939 tendo centenas de gravações em todo o mundo.

Fica, além da tristeza da perda, e do meu sentimento de fã, já que gosto muito do trabalho, de Emílio Santiago, a esperança de que, nesses próximos dias em que ele estará em evidência – até porque morte de artista famoso é algo que atrai a mídia – acenda mais o sentimento da boa musicalidade, da boa afinação, da boa escolha de repertório, da boa letra, da boa voz e da boa estrada desse brasileiro negro que, cantando o Brasil, embalou sonhos dessa civilização brasileira – que aos poucos se projeta – encantando platéias por onde passou, onde foi e será ouvido, deixando como mensagem que o melhor norte da vida é fazer o que se gosta, fazendo o bem e pelo bem. E foi exatamente isso que esse bacharel em Direito que resolveu cantar, dando vazão à sua realização, fez...

“Brasil!

Meu Brasil brasileiro

Meu mulato inzoneiro

Vou cantar-te nos meus versos...”

(Trecho de Aquarela do Brasil)

Compartilhe

Comente

Fale com a gente!

Conheça os canais do comunicação

Sugestão de Pauta

Envie sua sugestão para nossa assessoria

Gabinete Brasília
1ª Avenida, nº 130 - C.A.B. Prédio Nelson David Ribeiro Gabinete 207 - CEP 41745-001 - Tel: (71) 3115.7133

Gabinete Feira de Santana
Rua Domingos Barbosa de Araujo, nº 333 - Kalilândia CEP 44001-208 Tel: (75) 3223-2728

Gabinete Salvador
Av. Luís Viana Filho, 6462 Ed. Manhattan/Wall Street East, Torre A, Sala 1509/10/11 - Paralela - CEP 41730-101 - Tel: (71) 3055-1323