Artigo: O movimento estudantil, eu, meu amigo Solla e os desafios do tempo

Autor: Zé Neto, deputado estadual e líder do governo na Assembléia Legislativa

Ainda na quarta-feira, dia 03 de abril, participei de uma reunião com o secretário Estadual da Saúde, Jorge Solla, na qual recebemos representantes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Estavam presentes na ocasião o reitor, José Carlos, coordenadores acadêmicos e representações do Movimento Estudantil, especialmente do Diretório Acadêmico de Medicina.

Debatemos vários temas, mas, basicamente, o que predominou foram os ajustes de um convênio do Estado com a Uefs para a abertura de um ambulatório para o curso de medicina, além de um confronto de posições com relação a publicização do Hospital Estadual Clériston Andrade, localizado em Feira de Santana.

Uma reunião que deveria durar pouco acabou se estendendo e, de repente, em minha cabeça, passou um filme muito generoso, tematizando a minha história de estudante de família pobre do interior da Bahia que foi morar em Salvador, que ralou para passar em uma faculdade pública, por não ter condições de pagar uma faculdade particular, entre outros motivos, que morou em república, tocou muito violão, presidiu o Diretório Acadêmico da faculdade de direito da UFBA e, que teve a grata satisfação de passar pela juventude buscando ideais na política estudantil. E, de repente, não mais que de repente - porque a vida é curta mesmo - estávamos ali, eu e Solla (os mesmos meninos que nos anos 80 faziam o movimento estudantil e ajudava a criar o PT), deixando de ser reclamantes para sermos os reclamados.

Os meninos e meninas do Diretório Acadêmico de medicina da Uefs, de forma contundente, reclamaram do Prouni, da contratação da OS (Organização Social) que irá gerenciar o Clériston Andrade, reclamaram das políticas educacionais federais e estaduais, disseram que a Uefs tem pouca verba, que éramos 'desenvolvimentistas' e por ai vai... Mas, lá estavam eles, como no passado sonhávamos, na cara do gol, com o secretário da Saúde do Estado e o líder de governo da Assembleia Legislativa da Bahia, falando acerca de suas agruras, sonhos e desejos. No passado, não chegávamos nem nas portas das repartições governamentais.

Juro, longe de cair no mérito do debate que lá ocorreu, - até porque aqui nesse contexto não há espaço para essa reflexão - que no fundo no fundo, apesar deles estarem longe de um entendimento mais fraterno com os dois compositores do tempo que lá estavam (eu e Solla), ficou e ficará uma grata satisfação de vê-los em movimento, em questionamento, lutando por ideais e bandeiras, pelo canto do coletivo, nos dando a grata sensação de que – longe de "plim plins" e compartilhamentos superficiais de um momento ainda pouco decifrado na humanidade – há vida em movimento nesse planeta, nesse país e nesse nosso arredor, com conteúdo, paixão e informação para debater e questionar as estruturas...

Encerro com a mesma frase que disse a um dirigente da Secretária que ao final da reunião me disse: - “É Zé Neto, esses meninos são você e Solla ontem”. Eu respondi o seguinte: - “São mesmo! E se vocês me perguntarem em que time eu quero que minhas filhas, ainda crianças, Maria e Luiza, joguem lá na frente, eu lhes digo que quero que elas joguem no mesmo time desses meninos que estão aqui hoje a nos inquirir, a nos contestar e a nos desafiar cobrando um mundo novo”. Que na verdade tem sido a nossa labuta de fazer, já que quem governa tem é que tratar de realizar, e essa é a tarefa primeira.

No mais, segue abaixo uma pequena anotação que fiz no final da nossa boa peleja na Sesab, onde conseguimos construir algumas coisas que vão andar bem e ainda há outras que queremos continuar buscando.

No dia a dia,
a distância de realizar os ideais nos coloca de frente
para o dilema tempo.
Quanto tempo levará?
E se não for no tempo que queremos?
Vai dar tempo?
Tempo... Tempo... Tempo...
Esse algoz ou anjo
que merece o respeito e o carinho de quem caminha sol a sol.
Tempo...
Esse interlocutor de sonhos e chegadas
capaz de nutrir os dias
para quem pacientemente combina com ele;
O tamanho das pernas e a extensão do caminho...
(Zé Neto)

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