Durante a audiência vítimas da repressão instaurada no Brasil pelo regime militar foram ouvidas
A Comissão Estadual da Verdade (CEV) realizou, nesta quinta-feira (31), a primeira Audiência Pública em Feira de Santana para colher depoimentos de vítimas da Ditadura Militar. Nesta manhã, prestaram depoimento o juiz aposentado Antonio Pinto, o professor Hosanah Leite e o vice-prefeito da cidade Luciano Ribeiro. Durante a audiência, mais cinco pessoas que foram vítimas da repressão instaurada no Brasil pelo regime militar foram ouvidas.
O mandato do deputado Zé Neto (PT), líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, esteve presente na audiência por entender que trazer esses acontecimentos à tona é importante para a cidade de Feira de Santana.
Participaram também da audiência a sociedade civil feirense, o deputado estadual Marcelino Galo, professores da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Faculdade Nobre (FAN).
O professor Hosanah Leite, um dos depoentes, ressaltou a importância da audiência pública. Para ele, a comissão da verdade resgata a real situação vivenciada pelas pessoas que foram perseguidas. “Até hoje a elite passou a sua verdade. Hoje nós estamos aqui para resgatar efetivamente o lado dos que foram perseguidos, dos que foram torturados, daqueles que sofreram e, sobretudo, souberam resistir no combate à ditadura”, disse.
Hosanah acredita que resgatar esse momento é mostrar para a geração atual que em Feira de Santana, como em todo o país, os cidadãos lutaram contra o regime: “Prefeito foi afastado, pessoas perderam seus empregos, foram perseguidas, torturadas, mortas, outros foram para o exílio e isso tudo fazia parte da luta, mas soubemos resistir, cumprimos o nosso papel”, completou.
O advogado Celso Pereira também pontuou a importância da realização da audiência e destacou a participação da cidade nesse capítulo da história. “A primeira audiência em Feira é importante para mostrar a dimensão da participação da cidade antes, durante e depois do golpe de 1964. Lutamos pelas reformas políticas, buscamos o estado democrático de direito e quando o golpe chegou encontrou estudantes, associações e sindicatos organizados, preparados para gerar uma nova história política”, concluiu.
Primeiro a depor na audiência, o juiz aposentado e ex-vereador Antonio Pinto, relembrou em seu depoimento a trajetória política do irmão Chico Pinto. Chico é ex-prefeito de Feira de Santana e se destacou no Grupo Democrático Brasileiro, que pregava oposição ao Regime Militar. Antonio ressaltou que a história política do irmão sempre foi pautada nos deveres e bem servir à causa pública.
A audiência aconteceu das 10h às 18h no auditório do Colégio Estadual Luís Eduardo Magalhães e foi coordenada pela Comissão da Verdade de Feira de Santana.
A Comissão
A Comissão Estadual da Verdade (CEV) foi criada em 2012 pelo governador Jaques Wagner através do decreto nº 14.227. Em maio deste ano foi alterada pelo decreto nº 14.483. A comissão é composta por: Amabília Almeida, Antonio Walter Pinheiro, Carlos Navarro, Dulce Tamara Silva, Jackson Chaves de Azevedo, Joviniano Neto e Vera Leonelli.
Em Feira de Santana a Comissão da Verdade composta por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Sindicato dos Jornalista da Bahia (Sinjorba), da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), da Uefs e de igrejas católicas e evangélicas. Inicialmente, a audiência vai ouvir oito pessoas que na época do golpe Militar de 1964 foram vítimas da ditadura.