Desde dezembro do ano passado, quando a Câmara Municipal de Salvador aprovou projeto de lei permitindo a privatização da Estação da Lapa, os camelôs e ambulantes temem perder seus pontos de venda no local. A preocupação se estende também às outras três maiores estações de transbordo da capital baiana – Iguatemi, Pirajá e Mussurunga – que passaram ao governo do Estado para que sejam administradas pela empresa CCR juntamente com o metrô de Salvador. A autorização também partiu da Câmara Municipal.
Para debater o tema, o deputado estadual Zé Neto (PT), líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, participou, na manhã desta quarta-feira (21), de sessão especial com o objetivo de debater a permanência dos ambulantes nestes terminais de passageiros o credenciamento destes trabalhadores junto à prefeitura municipal e ao Governo do Estado.
“Temos que ter na cabeça que é preciso qualificar profissionalmente e organizar os espaços. A organização é fundamental para consumidores e vendedores. Organizar os espaços é preciso, mas com inclusão social. A palavra de ordem é incluir. Para tanto, é necessário organizar”, disse Zé Neto. Para o deputado, a qualificação promove uma nova visão nos empreendedores. “Com qualificação, a autoestima desses trabalhadores é elevada e o ganha pão é garantido”, frisou Zé Neto durante o evento, proposto pelo deputado estadual J. Carlos (PT).
O chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Relações Institucionais (Serin), Martiniano Costa, que já foi presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) por dois mandatos, destacou a postura do governo do Estado diante do pleito dos camelôs e ambulantes. “Em nome do governador Jaques Wagner e do secretário Cícero Monteiro, reafirmo a disponibilidade do Estado para os diálogos necessários ao fomento da inclusão sócioprodutiva”, disse.
“Agradeço aos deputados Zé Neto e J. Carlos pelos esforços. Vocês sabem aonde o calo de um pai de família dói: na necessidade de suas famílias. Estamos buscando direitos, não somos marginais. O governo do Estado está de parabéns quando abre o espaço para a gente negociar com a CCR”, disse José Quirino, da Associação dos Vendedores Ambulantes do Mercado Informal de Salvador (Avamis).
Para o vendedor ambulante Marcos Cazuza, que comercializa guloseimas na Estação da Lapa, desde 1982, e é presidente da Associação dos Ambulantes de Salvador e Região Metropolitana (Asfaerp), a questão requer sensibilidade e bom senso. “Queremos permanecer nas estações de ônibus, mas também que os ambulantes não credenciados tenham parte neste processo de organização e espaço para trabalhar com as mesmas oportunidades. É preciso sensibilidade e bom senso”, frisou.
Representantes do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia) estiveram presentes no evento e apresentaram linhas de créditos para microempreendedores. O presidente do Sindicato dos Rodoviários de Salvador, Hélio Ferreira, também esteve presente e declarou apoio aos ambulantes e camelôs.
Zé Neto intermedeia reunião entre CCR e Associação de Ambulantes
Preocupados com a possibilidade de serem impedidos de continuar comercializando nas Estações da Pirajá, Iguatemi, Mussurunga e da Lapa, representantes da categoria procuraram pelo deputado Zé Neto no último mês de abril. Neste mesmo mês, Zé Neto intermediou uma reunião entre representantes da empresa CCR e da Associação dos Vendedores Ambulantes do Mercado Informal de Salvador (Avamis). O parlamentar garantiu que vai acompanhar "passo a passo" o trabalho que será desenvolvido pela concessionária em relação à situação dos ambulantes.
Em favor da organização do comércio informal
“Lembro de quando pegou fogo no Feiraguay e fomos em busca de que se permitisse a construção dos primeiros espaços de alvenaria e hoje ele está dando exemplo de organização”, lembrou Zé Neto. Desde 1991, período em que foi criado o maior centro comercial do município de Feira de Santana, mais conhecido como Feiraguay, o deputado tem acompanhado os comerciantes na busca de uma alternativa que viabilize a comercialização das mercadorias de forma ordenada, sendo inclusive um dos principais responsáveis pela transferência desses comerciantes da Praça João Pedreira para a Praça Presidente Médici, onde funciona atualmente.