Volume de barragem no semirido aumenta com uso de tecnologia indita no Brasil

Responsável pelo abastecimento de água dos municípios de Miguel Calmon, Mundo Novo e Piritiba, no centro-norte da Bahia, a Barragem do França teve a capacidade de armazenamento ampliada em 30%, graças à implantação de nove módulos de fusegates. A tecnologia, inédita no Brasil, recebeu investimento de R$ 2.180.405 do Governo do Estado e beneficia cerca de 100 mil pessoas da região. 

A execução do projeto ficou sob responsabilidade da Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb), empresa vinculada à Secretaria do Meio Ambiente (Sema), que presta manutenção e opera as principais barragens da Bahia. Segundo o diretor de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Cerb, Godofredo Correia Lima Júnior, as características locais e o custo-benefício foram decisivos na escolha da região para a instalação dos fusegates. 

“Essa tecnologia é francesa e permite guardar a água por um período maior. Como a região semiárida é muito carente de água, essa tecnologia foi escolhida por ser a que melhor se adequava a este tipo de barragem. A estrutura permitiu o aumento no volume de água, com um investimento muito pequeno em relação ao custo de construir uma nova barragem”, explica. 

 
Modelo 

 

A Barragem do França, localizada no povoado de mesmo nome, está situada no Rio Jacuípe. Construída em 1995, ela ocupa atualmente uma área de 573 hectares e alcança a profundidade de 25 metros. Com a nova tecnologia, o volume de água acumulada passou para 32 milhões de metros cúbicos.

Os fusegates foram implantados sobre a crista do vertedouro da barragem e, além do armazenamento, garantem a segurança hídrica do equipamento. De acordo com Godofredo Correia, o modelo deve ser reproduzido agora nas barragens de Ponto Novo e Pedras Altas (Capim Grosso). 

Agropecuária 

Para o secretário de agricultura de Miguel Calmon, Lando Lima, a água acumulada ameniza os efeitos da seca que atingiu a região nos últimos dois anos. “Essa barragem hoje é um diferencial para todos nós, principalmente para quem está ligado à agricultura e à pecuária. Em Miguel Calmon, por exemplo, nós temos um investimento que volta a acontecer. Esse volume que a barragem absorveu já dá uma tranquilidade para a [economia da] região”. 

O agricultor Lourival Gomes de Souza, 73 anos, trabalha com a terra desde que nasceu. Há seis anos, ele se mudou com a família para uma propriedade no entorno da barragem, atraído pela água e pelas obras de recuperação realizadas pelo Governo do Estado na BA-131. “Eu morava na beira do rio, mas não tinha condições como aqui, que tem mais água e tem a pista. Lá era isolado. Aqui a gente planta tomate, pimentão, melancia, e tem umas vaquinhas de tirar leite”. 

José Carlos Almeida de Souza, 48, um dos filhos de Lourival, é responsável pela administração da propriedade. De acordo com ele, a rodovia recuperada facilita o escoamento da produção e a barragem “é de muita importância porque gera empregos e é uma grande fonte de renda”. 

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