Centenas de católicos foram às ruas de Feira de Santana na noite desta quinta-feira (13) para participar da Procissão do Fogaréu, realizada há mais de 150 anos na cidade. O deputado estadual e líder do governo na Assembleia Legislativa, Zé Neto (PT), compareceu à procissão. Para ele, a procissão do fogaréu tem um significado muito importante.
"Eu me lembro de um fato muito interessante na minha vida: eu frequento a procissão do fogaréu desde os meus 7 anos de idade. Até os 10 eu ia com os meus amigos escondido de minha mãe e de minha avó. Até que minha avó descobriu porque um vizinho me viu e contou. Aí, ela pediu à minha mãe uma camisa de manga comprida e no dia da procissão me presenteou com ela. Aliás, até hoje eu guardo essa camisa, uma camisa de quadrinhos. Ela foi para a casa de dona Iaiá, uma pessoa muito querida nossa que, inclusive, até hoje mora no mesmo lugar, a mãe do meu amigo Cal, e Dalí, mulher de seu Antônio, disse "vá e agora você não precisa mais esconder. Você vai para a procissão dos homens, de camisa comprida, e com a responsabilidade de se comportar e voltar tranquilo". Eu fui, a primeira vez, aos 11 anos, com a autorização de minha avó, e quando eu voltei minha mãe estava na casa de dona Iaiá revoltada porque minha avó tinha me autorizado a ir. Depois ela refletiu e disse "é melhor que ele não faça nada escondido. Vamos dar confiança a esse menino. Ele tem muito que andar pelo mundo e a gente não pode estar sabendo das coisas depois. Vamos nos antecipar. Deixa ele participar da procissão e todos os anos eu vou trazê-lo para cá". Dali em diante eu não deixei mais de participar da procissão do fogaréu, que é uma procissão que representa o sofrimento final de Cristo. Nesse ano, mais uma vez, foi realizada com toda fé, com toda emoção e com toda essa força de tradição e amor por essa terra e por essa caminhada pelo Cristo que representa o outro e que representa a vida a partir do sentimento solidário de fazer bem ao próximo", declara o deputado.
A Procissão do Fogaréu representa o momento em que os soldados foram com tochas acesas e prenderam Jesus, na noite anterior ao calvário. Em Feira de Santana, o rito teve início na Capela de Nossa Senhora da Misericórdia, no Hospital Dom Pedro de Alcântara, e seguiu em direção à Catedral Metropolitana Nossa Senhora Santana, passando pelas principais avenidas Maria Quitéria, Getúlio Vargas e Senhor dos Passos.
A procissão, que antes só permitia a presença de homens, hoje abre espaço também para as mulheres e crianças, para que todos possam entender o verdadeiro caminho trilhado por Jesus Cristo.
No decorrer do percurso, o som das matracas dá ritmo à caminhada, que acontece de forma rápida, para representar literalmente uma perseguição.
13
Abr